Ela passava o tempo todo fechada no quarto. Ouvia baixinho música triste. Não dormia. De vez em quando, espreitava pela pequena janela que alguem um dia lhe oferecera. Mas era muito sensivel, e a luz magoava-a. Mantinha as luzes apagadas. Não tropeçava na mobilia, porque não tinha mobilia. Só uma cama. Deitava-se na cama, e chorava. Depois levantava-se. Andava pelo quarto. Procurava algo. Sorria. Deitava-se na cama, e chorava outra vez.
Um dia começou a ter medo do escuro. Abriu a porta do quarto, e esperou sentada na cama, a ouvir baixinho música triste. Alguém entrou. Ela abraçou-o. Passou a recebê-lo no seu quarto, uma vez por semana. A musica dele era tambem triste, mas mais esquisita. “Engraçada”, dizia ela.